domingo, fevereiro 20

Ourives

Platero é pequeno, peludo, macio; tão macio por fora, que se diria que é todo de algodão, que não tem ossos. Apenas os espelhos a jato de seus olhos são tão duros quanto dois besouros de vidro preto.

Solto-o, e ele vai para o prado, e acaricia calorosamente com o focinho, mal as tocando, as florzinhas rosa, azul claro e amarela... Chamo-o com doçura: "Platero?" que ri, em não sei que jingle ideal...

Coma o que eu te dou. Ele gosta de laranjas, tangerinas, uvas moscatel, todas âmbar, figos roxos, com sua gota cristalina de mel...

Ele é carinhoso e fofinho como um menino, como uma menina...; mas forte e seco por dentro, como pedra. Quando passo por cima dele, aos domingos, pelas últimas ruas da cidade, os homens do campo, vestidos com roupas limpas e vagarosamente, olham para ele:

-Você tem ferro...

Tem aço. Lua de aço e prata ao mesmo tempo.

Juan Ramón Jiménez

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