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Também eu nunca fui aplaudido em cena aberta. Como vocês, sempre quis fazer tudo bem, tudo certo, e tudo fiz, e tudo refiz, e ensaiei e reensaiei, mas jamais consegui fazer certo a coisa certa. Como vocês, fiz o papel que fiz como o melhor ator faz seu melhor papel, e faço ainda e espero ainda que um espectador, ainda que o mais sonso de todos, se erga e espante a plateia gritando bis, bis, bis, bis.
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Enfeitei minha tristeza da melhor forma que pude e fui vendê-la na esquina: eis minha maior riqueza, eis minha maior virtude.***
Entreguei-me à tristeza como quem, depois de muito aos outros recorrer, jurou um dia não se socorrer nem mais de nada nem de mais ninguém.
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Se os grandes homens fizeram aquilo que nos cabia, durmamos sobre seus louros, louvemos sua autoria.
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Qual vem de quem, com certeza eu dizer não saberia: se a poesia da tristeza, se a tristeza da poesia.
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Creio ter chegado o instante de pôr os pingos nos is. Eu seria melhor Dante se fosses melhor Beatriz.
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Eu era feliz, eu sorria. Era jovem e ainda achava que tudo quanto eu pensava se transformaria em poesia.
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Posso tudo aparentar, posso tudo ser, menos destro. Não tenho mão de pintor, não tenho mão de reger, não sou mestre, não sou maestro. Sou desnorteado, sou estouvado, sou ambicanhestro.
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