O proprietário da loja estava parado à porta, um homem pequenino, de barba grisalha e com olhos muito vivos atrás dos óculos que encimavam seu nariz comprido e agudo. - Os negócios vão bem?-perguntei.
-Eram melhores no tempo do meu avô - ele me respondeu, sacudindo a cabeça com tristeza.
- Ficamos cada vez mais filisteus - sugeri.
- É a nossa impensa barata. O efêmero domina o pensameno,,o clássico.
- Esse jornalismo, ou pode-se dizer, esse cotidianismo trivial é amaldição da nossa era - concordei.
- Serve só para ... - Ele gesticulou com as mãos, como se procurasse agarrar a palavra.
- Para o fogo.
O velho foi triunfantemente enfático ao dizer:
- Não, para o esgoto.
Sorri, solidário com sua veemência
- Concordamos agradavelmente em nossa opinião - falei.
- Posso dar uma olhada em seus tesouros?
Aldous Huxley, "Contos escolhidos"
Nenhum comentário:
Postar um comentário