Bahetá, a velha indígena, ensinava como era importante o milho para o batismo quando então o pajem colocava o nome na criança simbolizando a sua verdadeira alma. Lembrava que algumas partes da anta deviam ser reservadas para os espíritos. Certa porção era preparada e depositada na mata para os encantados. Aconselhava ao caçador que ingerisse infusão de vegetais aromáticos antes de sair para caçar. A escolha do vegetal dependia da espécie de animal escolhido para caçar.
Acreditava que alguns alimentos não deviam ser consumidos em certo período para evitar transtorno. As mulheres, após darem à luz, não comem carne de tatu ou de cágado d’água, tais alimentos tornam o recém-nascido com a saúde precária, são proibidos de serem ingeridos pelas indígenas da aldeia.
Deviam ter gratidão pelo tamanduá, não matando, nem se alimentando dele. Foi ele quem ensinou cantos e danças, pois em outros tempos já tinha sido gente como eles. Um caçador oferece para uma mulher um alimento que trouxe da mata, e, em retribuição, recebe uma comida por ela preparada. Dessa forma, a amizade entre as famílias era constantemente fortalecida.
Chamava atenção para alimentos considerados como sagrados, agindo espiritualmente naquele que se alimenta deles como ingredientes positivos. No período da puberdade, o beiju com molho de pimenta, o peixe cozido e a cabeça de peixe são benzidos e defumados antes de serem consumidos pelas meninas.
Conhecia dezenas de lendas pertencentes ao seu povo. Era com alegria contagiante que contava a lenda da mandioca. Explicava a sua história e a origem. Mani era ainda pequena e muito querida pela aldeia. Neta do cacique, foi motivo de tristeza para o chefe da tribo quando apareceu grávida. Isso porque não era casada com um bravo guerreiro, como ele desejava.
O cacique obrigou a filha a dizer quem era o pai do seu filho, mas ela dizia que não sabia como tinha ficado grávida. A desonestidade da filha desagradava muito o cacique. Até que um dia ele teve um sonho que o aconselhava a acreditar na filha, ela continuava pura e dizia a verdade ao pai. Desde então, aceitou a gravidez e ficou muito contente com a chegada da sua neta.
Um dia, perto de clarear a manhã, Mani foi encontrada morta na taba. Ela simplesmente tinha morrido durante o sono e, embora sem vida, apresentava um rosto alegre. Foi enterrada dentro da sua oca por sua mãe, cujas lágrimas umedeciam a terra tal como se estivesse sendo regada. Dias depois, nesse mesmo local nasceu uma planta, diferente de todas as que a tribo conhecia. Percebendo que a terra estava ficando rachada, cavou na esperança de que pudesse desenterrar sua filha com vida. A mãe da menina encontrou uma raiz, a mandioca, que recebeu esse nome em decorrência da união do nome de Mani e da palavra oca, que significa moradia indígena de uma ou mais famílias.
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