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O compromisso que o escritor deve assumir é consigo mesmo. Fazer tudo que puder, sempre o melhor que puder. O leitor deve ser considerado o que é: uma testemunha que pode ser condescendente ou não, que pode dar ao escritor um instante de atenção, ou meio, ou nenhum. O escritor pode adulá-lo, bajulá-lo até, para ganhar sua simpatia. Mas o escritor não é um saltimbanco. Melhor será que o leitor o veja como é: alguém que, se der três saltos mortais seguidos, será não por mágicas suas, mas pelo poder que tiverem suas palavras.
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O jovem, quando tem a pretensão de ser escritor, é tentado a confundir arte com artifício, o principal com o meramente acessório e, por estar na maravilhosa fase de descoberta das palavras, procura usá-las todas em seus textos, tenham cabimento ou não. Os textos se carregam então de festas feéricas, colheitas opíparas, estrelas iridescentes. E aproximar-se vira apropinquar-se, dificultar se torna obstaculizar, alimento saboroso transforma-se em iguaria, ambrosia ou – !!! – cibo. Depois dessa época em que vê a literatura como uma árvore de Natal e a enfeita com os mais exóticos penduricalhos, o candidato a escritor começará a notar, se tiver bom-senso, que o processo é inverso: despir a árvore dos balangandãs.
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