As crianças não estão mais no pátio, banquinhos na rua estão vazios, a floricultura fechou. O silêncio explode nossa própria companhia, lápis de cor saíram dos armários,
desde quando essa parede não é branca?
O caos tem cor?
A distância jamais uniu tanto, Buda e Jesus nunca estiveram tão próximos, as mãos que lavam lá lavam cá, o choro de lá chora cá, é noite é dia, os ricos são pobres, os pobres são ricos. Na nossa casa somos iguais.
Lá em cima, depois das nuvens e dos reinos prometidos, eles estão protegidos?
Questão de tempo, o tempo não passa, o ar fica, o ar não passa, o tempo corre, e médicos só queriam poder chorar um pouquinho, quando ninguém estivesse olhando, porque a ciência também tem seus limites. No fim, somos todos crianças que queriam correr no pátio vazio.
Foi só um sonho? As mãos, os aplausos, instrumentos, cantoria, foi o som que nos uniu? Se a gente fechar os olhos e eu te chamar pra dançar de brincadeirinha,
você vem?
E nesse vaivém de vida-morte-vida, eu nunca me vi tão humana, tão vulnerável, tão próxima de todo mundo e tão certa, assim como tantos outros, de que as coisas precisam mudar. Mas para o presidente tanto faz.
Hoje é domingo, dez e vinte da manhã, e no céu existe um Sol maior que o medo.
E na minha poesia eu ainda sou casa,
contamos histórias boas
e você fica dentro de
(mim)
Drica Muscat
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