As janelas só deixam entrar o céu de estrelas, nuvens e sol, e o jardim com flores e perfumes. Um fiapo de lago se avista longe.
Nesse canto de muro, há uma diária manipulação de alfarrábios, grossos volumes esquecidos, encadernações desgastadas, brochuras. A alquimia aqui se faz de palavras, de frases, de longos trechos. Um pedaço aqui, outro ali. As folhas são viradas e reviradas atrás da medida certa para o composto correto para a felicidade do momento. Um elixir preparado a cada dia com novas receitas.
Por mais que periguem de desmoronar as pilhas, ou o vento vire as páginas de livros abertos, há um trabalho constante e renovado. É preciso ler e reler, tresler.
A pedra filosofal é feita de muitas, milhares, centenas de milhares dessas poções que são recolhidas dos livros. Magia diária da leitura.
Marcel Proust
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