sábado, agosto 19

Os livros representam a essência de um espírito

As obras são a quintessência de um espírito: por conseguinte, mesmo se este for o espírito mais sublime, elas sempre serão, sem comparação, mais ricas de conteúdo do que a sua companhia, e a substituirão também na essência – ou melhor, ultrapassá-la-ão em muito e a deixarão para trás: Até mesmo os escritos de uma cabeça medíocre podem ser instrutivos, dignos de leitura e divertidos, justamente porque são sua quintessência, o resultado, o fruto de
todo o seu pensamento e estudo; enquanto a sua companhia não nos consegue satisfazer. Sendo assim, podem-se ler livros de pessoas em cujas companhias não se encontraria nenhum prazer, e é por essa razão que uma cultura intelectual elevada nos induz pouco a pouco a encontrar o nosso prazer quase exclusivamente na leitura dos livros, e não na conversa com as pessoas.

Existem duas histórias: a política e a da literatura e da arte. A primeira é a história da vontade, a segunda, do intelecto. Por isso, a primeira é quase sempre alarmante, ou melhor, assustadora. Nela, o medo, a necessidade, o engano e terríveis assassinatos ocorrem em massa. A outra, ao contrário, é sempre agradável e serena, como o intelecto isolado, mesmo quando descreve erros. O seu ramo principal é a história da filosofia. Na verdade, esta constitui o seu baixo ideal, que se faz ouvir até mesmo na outra história e também conduz a opinião do seu fundamento até ela: mas esta última domina o mundo. Sendo assim, a filosofia, no sentido próprio e inequívoco, também é a mais fote potência material; contudo, age de forma muito lenta.
Arthur Schopenhauer

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