sexta-feira, agosto 5

Do amor ainda, e por que não?

O Lobo Leitor: A menina do Capuchinho Vermelho e o lobo mau lêem juntos...:
Os que têm o amor como assunto único talvez mereçam ser chamados de tolos. E muito mais ainda merecem ser assim chamados os que renegam o amor com base numa suposta sabedoria. Se há quem entenda de amor são os jovens, enquanto dura sua juventude.

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Se amor for a palavra que você tem a dizer, diga-a logo, antes que alguém a diga melhor que você.

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O amor é o louco da aldeia. Mastiga vento, capim, faz versinhos em latim e late na lua cheia.

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Digam o que disserem, morrer por amor sempre será um ato charmoso. Perguntem a uma corda se ela prefere cingir um pescoço ou um balde de puxar água.

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O amor pode ser muito melhor ou muito pior do que tudo quanto dissermos dele.

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Não conheço nada que tenha sido tão fartamente definido e continue tão completamente indefinível quanto o amor.

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O amor é um tolo distribuindo panfletos na esquina. Todos já o conhecem. Fazem-lhe o favor de estender a mão, apanhar um panfleto e agradecer, antes de atirá-lo fora, alguns metros adiante. Depois que distribui o último, o amor vai pegar os que foram lançados ao chão, desamassa-os, reúne-os e volta com eles para a esquina.

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Depois das fases de desconto e liquidação, a capitulação: o amor passa o ponto.

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Bom tempo foi aquele em que dentes havia e a carne do amor era macia.

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A poesia foi um desses valores que eu tive como absolutos. O amor foi outro. Ainda hoje, apesar de tudo, ainda sou tentado a continuar acreditando neles. Há quem tenha dezoito anos uma vez só, na vida. Outros jamais saem dessa idade.

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O amor alimenta-se dos mais frágeis de nós e nos exaure tão cruelmente que não nos sobra, no final, sequer voz para agradecer-lhe por nos ter escolhido.

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Vocês já devem ter visto idiotas muito mais convincentes que eu falando de amor.

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Durante toda a jornada, foi sempre o amor nosso guia. E desde o início sabíamos que por ele viveríamos e que ele nos mataria.

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Que o amor nos tenha matado é pura lógica. Que nós tenhamos gostado tanto talvez seja pura sem-vergonhice.

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Dê ao amor somente o que ele merece – e que nunca seja menos que tudo.

Raul Drewnick

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