Esqueçam o cachorro. O livro é o melhor amigo do homem. Costumo levar livros comigo para tudo quanto é canto. O segredo é encontrar o livro certo para cada ocasião. Nesse sentido os livros são como roupas, há que existir uma adequação entre o livro e a situação em que será usado. Em consultórios médicos, recomenda-se uma leitura ligeira – tanto no sentido de conteúdo como no de tamanho mesmo -, e a definição engloba desde um Nero Wolfe básico ou uma das histórias do rabino David Small, até livros de poesia, como O ex-estranho, do Paulo Leminski, ou os poemas eróticos de John Donne.
Para as viagens, principalmente as viagens longas, os grandes calhamaços são imprescindíveis. Um voo internacional é a oportunidade de encarar aquele 2666 do Bolaño que você vem adiando, ou o Submundo, do Don DeLillo, ou aquele Meus Lugares Escuros, do Ellroy, estacionado há anos na garagem vertical de seu criado-mudo. A vantagem é que você economiza o dinheiro do sonífero. Mas estas são situações corriqueiras, quando você para em frente à estante com o dedo no queixo sem conseguir se decidir por qual livro usar à noite.
Tudo muda de figura quando você está apaixonado por um livro específico. Pois nessa situação, você só terá olhos para ele, seja na sala de espera do urologista, na fila do ônibus ou na arquibancada do Pacaembu.
Tony Bellotto
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