Uma edição de 1937 está na lista dos da autarquia, divulgada na sexta-feira.
— De forma cômica e crítica, o livro trata da servidão que vigorava na Rússia e em vários países do mundo e que, em parte, se assemelha ao regime da escravidão do Brasil. Por sua temática, teria particular pertinência para uma instituição que porta um nome de luta e resistência dos povos escravizados — diz Rubens Figueiredo, tradutor da edição publicada pela Editora 34.
O exemplar agora divide um destino incerto com outras obras históricas, como “Dicionário do folclore brasileiro”, de Luís da Câmara Cascudo. A fundação até o chama de “clássico”, mas “gramatical e ortograficamente desatualizado”, “com páginas soltas e exibindo um forte cheiro de mofo” — o que seria motivo se livrar dele, e não para restaurá-lo.
— A justificativa é ridícula, e existem edições novas com ortografia atualizada. O dicionário (publicado originalmente em 1954) é uma referência para inúmeros estudos que vêm depois — diz o historiador e escritor Luiz Antônio Simas.
Se Gógol será limado sem explicações e Cascudo pela velhice, o historiador Eric Hobsbawm e seu “Bandidos” perderam lugar por serem “clássicos da delinquência”.
— Esse trabalho (de 1969) traz uma grande inovação porque entende o banditismo como fenômeno social. Ele não idolatra bandidos, ele quer entender por que, em que condições particulares, que vão desde o Nordeste do Brasil ao Sul da Itália, eles viram figuras importantes — explica o cientista social Bernardo Ricupero, da USP, cujo livro “Caio Prado Jr. e nacionalização do marxismo no Brasil” também está na lista.
— Mas Hobsbawm e Caio Prado Jr. não vão desaparecer por isso. Muito pelo contrário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário