12 de junho
Os livros não morrem. Abandonamos a cidade onde não circulam mais e vão residir nos bairros afastados, nos recantos longínquos, ausentes dos roteiros do tráfego literário. Quem possuiu palacete, vive numa cainha de porta-e-janela, distante mas real. De rato em raro, vencendo o acesso escarpado das buscas, aparece um visitante-leitor, surpreendido com a resistência ou coexistência das ideias, comuns ou antagônicas. Às vezes a cidade cresce e o arrabalde inclui-se nas áreas transitadas, na misteriosa dinâmica das compensações, olvidos e regressos. Homens do século XV passam a contemporâneos e alguns desses desaparecem da convivência mental. Vão para fora do perímetro urano. Mas estão vivos, esperando as visitas fortuitas.
Luís da Câmara Cascudo, "Na ronda do tempo"
Nenhum comentário:
Postar um comentário