Queixávamo-nos da censura e dos livros apreendidos no tempo do fascismo e de outras ditaduras, mas em democracia continua a saga dos livros «proibidos». Agora, tudo o que seja susceptível de ofender uma minoria é posto de lado e afastado dos programas de ensino em muitos países, e sem sequer se ter em conta o contexto ou a época em que foi escrito. Livros importantíssimos e autores de peso são subitamente banidos por razões verdadeiramente ridículas (o beijo do príncipe na Bela Adormecida, por exemplo, considerado por alguns «não autorizado» e portanto, no limite, uma violação), num acto que é tão estúpido como quando a nossa PIDE levava das suas buscas a livrarias biografias de Stravinsky ou Nijinsky só por serem nomes russos… Leio, porém (obrigada, Nelson Ferreira da Silva) que a salvação está talvez nos adolescentes: uma jovem norte-americana de catorze anos, fartinha de ver «livros que nos fazem pensar» serem proibidos na sua escola e em comunidades de leitores, criou um clube de leitura de livros banidos (e estes podem ser, por exemplo, A Quinta dos Animais ou O Deus das Moscas) em que os membros lêem livros censurados e depois se encontram para os discutir. Abençoada Jocelyn Diffenbaugh! Com direito a entrevista no Washington Post, é uma jovem a seguir, evidentemente! E há outros ainda mais novos, basta ver no primeiro link abaixo. Ouçam os mais novos e deixem-se de comportamentos ditatoriais, por favor. A entrevista com Jocelyn vai no segundo link.
Maria do Rosário Pedreira
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