Tinha um vestidinho de chita azul, muito pobre, e as curvas do seio arfavam-lhe o corpete justo, com uma frescura saudável.
Cabelos loiros rolavam-lhe pelas espáduas, em cintilas fulvas.
A manga um pouco curta deixava nu o seu braço robusto e bem feito, em que se revelava o sangue das grandes raças do campo, esquecidas e conservadas na agrura das solidões bravias.
Arrastava o seu carro de música, desmantelado, com o realejo em cima, pelas grandes ruas em tumulto, sozinha, crente, pura nos seus quinze anos.
Às vezes erguia timidamente os olhos para as janelas- onde borboleteavam crianças, e, suplicante, apontava o realeio, perguntando se queriam que ela moesse, como num moinho de café, os coros de Mozart. Alguns riam-se. Ela caminhava na sua miséria laboriosa.
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