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Convenceu-se de que não deveria mais escrever sonetos quando já não conseguia escrever nenhum.
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É um desses poetas que, quando se tornam imortais, não cumprimentam mais os vizinhos.
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Lápide de um açougueiro – A carne é fraca.
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Lápide de um jurista – Transitei em julgado.
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Lápide de um gramático – Depois da vírgula e do ponto e vírgula, vem o ponto final.
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O amor então nos dirá que nunca fomos dignos dele, e nós choraremos tanto que ele terá um momento de hesitação antes de confirmar nossa sentença.
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Escrever sonetos é hoje, usando uma linguagem policial, como reconstituir a cena de um crime cometido cem anos atrás.
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Se um escritor se apresenta como literato, provavelmente não é nem uma coisa nem a outra.
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Como poeta, tem uma coragem que nunca demonstrou como homem. Chega a ser uma desfaçatez: além de escrever sonetos, tenta publicá-los.
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Candidatando-se a uma vaga na seção de sonetos, o pardal foi recusado, sob o argumento de que ali era lugar de rouxinóis e cotovias, e aconselhado a se inscrever no setor de quadrinhas.
Raul Drewnick
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