Deixe no restaurante, no ponto de ônibus, no metrô, num banco de jardim, da igreja ou nos de guardar dinheiro. Deixe num supermercado, num mercadinho, na sala de espera de um médico, um dentista, no cabelereiro, no táxi, no Uber.
Escolha um bom livro e deixe por aí.
A proposta chegou pelo Whatsapp – o ponto de encontros não marcados mais eficiente neste momento do mundo. Ninguém assinou a paternidade da, acho, ótima ideia. O que a deixa livre, leve e solta para ser compartilhada e desfrutada. Com carinho.
Na mensagem do Whatsapp há sugestão e modelo de bilhete explicando o projeto e o presente. A causa e o causo. Tipo assim: “Ei você que achou este livro. Ele agora é seu. A iniciativa é parte de um projeto de incentivo à leitura e ao compartilhamento de conhecimento”.
Cada esquecedor que pense seu recado. Importante é avisar que aquele livro foi ali esquecido justamente para ser achado e lido.
Se o achador for parte dos 52% de brasileiros que têm o habito de leitura, beleza. Que desfrute do livro. Se não estiver entre os amantes da leitura, quem sabe, estimulado pela surpresa do achado, resolva experimentar.
Pesquisas apontam que os brasileiros leitores costumam ler em média quatro livros por ano. Pouco. Os canadenses, por exemplo, a cada ano, em média, leem 12 livros.
Mundo afora, a concorrência das mídias eletrônicas tem sido mortal para os impressos – dos livros aos jornais diários. Livros digitais e audiolivros ainda estão longe de disputar espaço com as produções de TV ou com a compulsiva navegação pela seara das redes sociais.
Um dia marcado para esquecer um livro por ai pode ser apenas proposta micada de velhos amantes dos livros. Mas vai que cola?
Vai que entre uma zapeada, um Reels, uma Tiktokada, uma mensagem de voz, das longas, a gente esbarre num livro esquecido, que, contendo um bilhete quase de amor, conquiste novo leitor. Alguém que não vai mais acreditar nas News vindas das tias do Whatsapp, nem na terra plana ou no calendário dos Bozos. E, olho aberto, estende o braço pras vacinas.
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