Um dia, os namorados chegaram de mãos dadas, debruçaram em uma das balaustradas e dali ficaram apreciando a paisagem do rio na tarde morna. As correntezas embaixo faziam espumas quando desciam no barulho por entre as pedras perto da ponte. Sustentados pela leveza dos ares, dali traçaram os sonhos com os olhos expectantes de esperança, querendo alcançar o horizonte. Um fazia carícia no outro, beijavam-se, sorriam com a felicidade estampada no rosto.
Outras vezes vieram com o intuito de alimentar o sonho do amor no dia de verão morno. Pressentiam nas ondas do amor onde uma casa seria habitada pelos hábitos do afeto, cuidaria ela dos filhos, ele com o trabalho daria o sustento necessário para que os meninos crescessem e se tornassem um dia pessoas respeitáveis. Ele gostava de dizer a ela que uma ponte é uma ponte, uma rosa é uma rosa. A ponte servia para que fizessem a travessia sobre o rio da vida e fossem alcançar na outra margem as metas melhores. A rosa emitia fragrâncias nas horas suaves da existência, mas durava pouco. A ponte morava no pensamento, já a rosa no sentimento. Com o equilíbrio e segurança de uma mais a formosura de outra, regiam-se ambas pelos dons milagrosos da natureza e se cabiam na gramática que Deus criara para a criatura não conviver com o sentimento do nada. Tanto a ponte como a rosa reinventavam-se na proposição de cada sonho.
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