quinta-feira, julho 20
Ler no café
No tempo em que se estudava nos cafés de caderno aberto a tomar apontamentos, assim que chegava perto do meio-dia, os empregados vinham enxotar-nos, dizendo que não podíamos ficar ali mais tempo só com um café e um copo de água, pois estavam a chegar os clientes para o almoço. Depois, pelo menos na zona onde eu morava, esses cafés desapareceram, dando lugar a agências bancárias, e o hábito perdeu-se. Mas eis que em Braga alguém interessado em alargar a todos os hábitos de leitura se lembrou de fazer regressar os livros aos cafés... Trata-se de uma empresa de construção, a DST, que patrocina há já mais de vinte e cinco anos um importante prémio literário, cuja mais recente vencedora foi a escritora Teolinda Gersão. Na sua teimosia de promover a cultura e a literatura portuguesa, resolveu então oferecer aos cafés de Braga livros dos vencedores do Prémio DST ao longo dos anos, assim aproximando o público mais jovem (que agora vai para o café olhar para o telemóvel) dos livros. Cada café terá uma escolha alargada de títulos (Mário Cláudio, Manuel Alegre, Lídia Jorge, Nuno Júdice, Maria Ondina Braga e muitos mais) para que quem por lá passe não possa dar a desculpa de já ter lido aquele romance ou não apreciar o autor por aí além. Empresas ao serviço da cultura. Muito bem.
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