terça-feira, agosto 20

O que o poeta é

Um poeta não é um político, não é um professor, não é um filósofo. De um poeta não convém esperar pronunciamentos nem verdades. Um poeta não só deve ter o direito de cometer erros, mas deve ser estimulado a cometê-los. Um poeta pode tentar mil vezes a melhor forma de definir uma estrela. Haverá maneira mais adequada de transformar uma estrela em mil e uma? Ou de encontrar enfim a definição única de estrela, aquela que há milênios se busca em nome da perfeição absoluta da beleza?

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Mario Quintana era um poeta simples, um poeta completo, um poeta poeta.

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De um poeta nunca se sabe o que se deve esperar. Quem arriscar vai errar. Um poeta em moldes não cabe. Um poeta pode surgir, fazer um truque e depois de fazer mais um ou dois, dar-nos boa noite e sair. Ou pode, estando em bom dia, esmerar-se na magia e em três palavras dizer tudo, simplesmente tudo que a vida tem de conteúdo: viver, viver e viver.

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A técnica, o método e o trabalho são importantes na formação de um poeta. Mas um grande poeta, um poeta verdadeiramente extraordinário, sempre tem um atributo impossível de definir, algo em que os antigos viam uma intromissão dos deuses – uma visão que talvez ainda hoje possa considerar-se válida.

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Os conselhos dos manuais de autoajuda deram-lhe frutos imediatos. Em três meses, presumiu-se poeta, proclamou-se grande poeta e intitulou-se poeta genial.

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Uma noite, muitos anos atrás, o poeta Carlos Drummond de Andrade perdeu o bonde e a esperança. Estão aí duas palavras, já quase em desuso, que os jovens leitores talvez precisem procurar num dicionário: poeta e bonde. Já esperança acredito que saibam o que significa ou tenham ao menos uma ideia. Eu, quando jovem, julgava saber.

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