Não qualquer jazz, mas aquele entre o primeiro tambor tocado na África e a intrincada polifonia inventada pelos americanos em 1917. Pelos negros americanos, claro, porque Lucio não confiava nos jazzistas brancos, e mesmo assim só até a 2ª Guerra, porque ele também não queria saber de modernidades. Sobre essa música acumulou uma quantidade de livros, em francês, inglês e espanhol, dos anos 30 aos 60, muitos mandados encadernar por ele e amorosamente anotados. É isso: uma biblioteca de amor.
Tudo o que tivesse a ver com as raízes do jazz o interessava: work e folk songs, country, blues, gospel e até vudu haitiano. Mas foi à música de New Orleans, propriamente dita, que dedicou a vida, daí as pilhas de livros de história, enciclopédias e ensaios sobre ela —vários pelos pioneiros franceses Hughes Panassié, Charles Delaunnay e André Hodeir, campeões do “verdadeiro” jazz e que já o estudavam até antes dos americanos.
E dá-lhe de biografias, perfis, entrevistas, memórias e discografias de seus heróis Louis Armstrong, Kid Ory, Jelly Roll Morton, Sidney Bechet, Fats Waller, Duke Ellington, Bessie Smith, Ethel Waters, Count Basie e muitos mais, famosos ou obscuros.
O samba estava no sistema sanguíneo de Lucio Rangel, vide sua obsessiva dedicação a ele em 30 anos de artigos para jornais e revistas. Mas seu coração batia ao ritmo de New Orleans e tocava um trombone imaginário.
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