quarta-feira, maio 8

Felicidade da memória

As vozes chegavam até mim, numa mistura de sons e de harmonia desconhecida. Parei. A rua enchia-se de magia. Havia qualquer coisa no ar que me impedia de respirar. Era algo que não queria perder, que me seduzia e me sufocava. Num momento, voava para paraísos novos e num outro, sentia-me no chão, embalada por mil e um tons de um cântico. Era a felicidade que chegava. Discreta e pujante, num ritmo que se confundia em vários andamentos. Um cântico que se transformava em hino . Estava ali. Bem perto. Naquelas vozes que me entonteciam e me faziam exultar. E a revelação fez-se. Era a música que se me descobria numa rua estreita e ignota.

Maria José Vieira de Sousa, "Memórias de um tempo feliz"

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