quinta-feira, maio 16

Haikais

Sopra o vento de inverno:
os olhos do gato
pestanejam.

Admirável
aquele que diante do relâmpago
não diz: a vida foge.

Um doce ruído
interrompe meu sonho:
gotas de chuva sobre a folhagem.

A cada brisa
a borboleta muda de lugar
sobre o salgueiro.

De que árvore florida
chega? Não sei.
Mas é seu perfume...

O azeite de minha lâmpada
consumido. Na noite,
pela minha janela, a lua.

Trégua de vidro:
o canto da cigarra
perfura rochas.

Estas pimentas:
acrescentai-lhes asas
e serão libélulas.

Vamos embora ver
a neve caindo
de cansaço.

Agora é inverno
e no mundo uma só cor:
o som do vento.
Bashô, "Haikais"

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