Sopra o vento de inverno:
os olhos do gato
pestanejam.
Admirável
aquele que diante do relâmpago
não diz: a vida foge.
Um doce ruído
interrompe meu sonho:
gotas de chuva sobre a folhagem.
A cada brisa
a borboleta muda de lugar
sobre o salgueiro.
De que árvore florida
chega? Não sei.
Mas é seu perfume...
O azeite de minha lâmpada
consumido. Na noite,
pela minha janela, a lua.
Trégua de vidro:
o canto da cigarra
perfura rochas.
Estas pimentas:
acrescentai-lhes asas
e serão libélulas.
Vamos embora ver
a neve caindo
de cansaço.
Agora é inverno
e no mundo uma só cor:
o som do vento.
Bashô, "Haikais"
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