segunda-feira, maio 2

Ventos

Lino Gustave
Ventos poderosos que partem os galhos de novembro! – e o sol brilhante e calmo, intocado pelas fúrias da terra, que abandona a terra à escuridão e ao desamparo selvagem, e à noite, enquanto homens tremem em seus casacos e correm para casa. E então as luzes dos lares se acendem naquelas profundezas desoladas. Mas há as estrelas!, que brilham no alto de um firmamento espiritual. Vamos caminhar ao vento, absortos e satisfeitos em pensamentos maldosos, em busca de uma repentina e sorridente inteligência da humanidade abaixo dessas belezas abismais. Agora a fúria turbulenta da meia-noite, o ranger de nossas portas e janelas, agora o inverno, agora a compreensão da terra e de nossa presença nela: esse teatro de enigmas e duplos sentidos e pesares e alegrias solenes, essas coisas humanas na vastidão elemental do mundo açoitado pelo vento.

Jack Kerouac

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